Ainda sobre o cuidado com agregações...

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Na última Copa do Mundo, realizada na África do Sul em 2010, ocorreu um fato curioso, embora triste para nós. Esse fato motivou equívocos causados pela paixão que o futebol e, especialmente, as Copas do Mundo despertam nos brasileiros. Vamos começar a descrever o fato da forma errada. Depois, esclareceremos o equívoco ufanista.

O fato é a sumarização dos confrontos de países latino-americanos contra os países europeus nessa Copa. No total, houve 12 jogos dessa natureza com 4 vitórias dos latinos-americanos contra 5 vitórias européias e 3 empates. Olhando para os dados assim dessa forma, poder-se-ia concluir por um equilíbrio entre os 2 continentes que dominam o cenário futebolístico mundial. 

Esse fato chamou a minha atenção porque durante a fase de grupos houve um predomínio latino americano com 4 vitórias e apenas 1 derrota para os europeus. A mídia brasileira quase em uníssono estava eufórica. Cheguei a ouvir de um respeitado jornalista que essa era uma copa latinoamericana. Para quem não acompanha de perto futebol, vale esclarecer que a fase de grupos tem valor muito pequeno, servindo apenas para ajuste técnico e tático das equipes.

Bom, ai veio a fase que realmente importa: a dos jogos eliminatórios. O que se viu foi uma verdadeira catástrofe latino-americana, com TODOS os confrontos sendo decididos por vitórias européias. Ou seja, o aparente equilíbrio na realidade era um engodo: os jogos que efetivamente valiam alguma coisa resultaram unanimemente favoráveis aos europeus. 

Mais uma vez vemos aqui os efeitos de uma agregação mal feita. Agregar os resultados da fase de grupos com a fase eliminatória é um erro e os números acima, dessa última copa, não deixam margem a dúvidas.

Assim, mais uma vez, cuidado quando agregar os dados oriundos de cenários distintos. Na dúvida, certifique-se que os cenários tem padrão ao menos similar para não ser pego de surpresa. Quanto à história das Copas, resta-nos apenas torcer para que a próxima, aqui no Brasil, tenha uma história diferente para nós contar.