Chris Sims Seymour Geisser
(nobelprize.org) (Statistical Science)
Não há como se pensar em Ciência em geral nos dias de hoje sem pensar logo nas universidades americanas. Elas se tornaram um padrão de excelência científica e nomes como Harvard, Stanford, MIT, Berkeley e Princeton logo vem à mente. Na Estatística não é muito diferente e essas estão entre as principais escolas na nossa área também. Cada um de nós terá sua lista de universidades top e haverão divergências mas essas acima deverão estar na maioria das listas. Uma outra unanimidade na direção oposta é dada pela Universidade de Minnesota; raramente essa é citada entre as universidades de elite. Deve contribuir para isso a ausência em Minnesota do glamour que vemos associado a esses belos e produtivos centros de pesquisa. No entanto, queria aproveitar minha primeira visita aqui para apresentar argumentos para que essa injustiça seja reparada.
Não sei exatamente o que aconteceu mas os ares de Minnesota inspiraram grandes e importantes avanços na Estatística Bayesiana. E o mais interessante é que isso aparentemente não se deu de forma unificada mas como resultados de grupos de pesquisa que, embora tivessem interações, caminharam em direções de certa forma independentes. Gostaria de falar um pouquinho de cada um desses grupos.
O mais importante e mais estruturado é o grupo situado dentro do departamento (agora Escola) de Estatística, que tem uma abordagem mais teórica para a área. Até os anos 70, a área Bayesiana era uma pequena minoria ou inexistia na quase totalidade dos departamentos de Estatística do mundo. A Estatística de Minnesota era uma interessante e talvez única exceção nos Estados Unidos. Lá foram gerados vários trabalhos Bayesianos importantes com Seymour Geisser, como seu maior expoente. Seu trabalho com a abordagem preditivista foi pioneiro e lançou a base para várias ferramentas que permanecem relevantes até hoje. Seymour foi diretor dessa Escola por 30 anos o que pode ajudar a explicar o avanço da área ali. Essa Escola até hoje é das mais importantes na área de Estatística e continua atraindo Bayesianos para lá.
Outro grupo importante se polarizou em torno de Chris Sims na área de Economia. Após sua formação em Harvard, onde teve contato com inferência Bayesiana, Sims foi contratado pelo depto de Economia de Minnesota, onde desenvolveu intensamente sua pesquisa em métodos econométricos Bayesianos. Ele foi um dos pioneiros nessa área e realizou esse trabalho em grande parte com seu colega de depto Thomas Sargent e de forma aparentemente independente do grupo Bayesiano da Escola de Estatística. Uma idéia da relevância do trabalho de Sims e Sargent é dada pelo Prêmio Nobel de Economia de 2011, que eles ganharam. A importância da Estatística é atestada pelo título de palestra de premiação de Sims: Statistical Modeling of Monetary Policy and its Effects.
Finalmente, a Universidade de Minnesota tem se destacado recentemente pelo grupo Bayesiano situado no departamento de Bioestatística da sua Escola de Saúde Pública. Esse grupo sempre teve tradição na pesquisa biomédica, por conta de sua interação com a Escola de Estatística. Nas últimas décadas, esse departamento se reforçou muito na pesquisa Bayesiana e se tornou uma referência de nível mundial, especialmente na área de Estatística Espacial. E foi essa excelência que me levou a querer conhecer mais de perto esse grupo. A experiência de conhecer esse grupo de perto e ver como é possível compatibilizar o interesse em avanços metodológicos e teóricos com a necessidade de atender os interesses aplicados da clientela da área biológica foi enriquecedora.
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