segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Retrospectiva 2014

g1.globo.com

Estamos nos aproximando do fim de ano. Moemento de festas, encontros; é sempre oportuno fazer um balanço dos grandes acontecimentos do ano que termina, especialmente no que nos diz respeito mais diretamente. Não vai ser diferente aqui no StatPop. Podemos aproveitar o momento para refletir sobre o que mais relevante aconteceu para nós. Acho que os 3 momentos tiveram maior destaque: Copa do Mundo, eleições e ENEM. (Tivemos outros assuntos de destaque no país como a escassez de água/racionamento de energia e o escândalo da Petrobrás mas prefiro me ater aos listados acima.)

O primeiro ponto foi o grande evento do ano no nosso país e provocou grandes emoções. A Estatística esteve presente por conta dos vários aspectos relacionados ao esporte. Esse tópico tem sido objeto de postagens frequentes no StatPop. Sem dúvida, o evento mais emblemático dessa competição foi a trágica semifinal de Belo Horizonte, quando o Brasil sofreu a maior derrota de toda sua história centenária e vitoriosa. Eu estava presente lá (e contarei isso a meus netos) e a incredulidade/perplexidade com que os espectadores assistiam àquele espetáculo de horrores dava a dimensão da tragédia. 

Para nós que lidamos com Estatística, esses sentimentos representaram o tamanho da chance que a torcida brasileira atribuía ao insucesso naquele jogo. O histórico centenário constituía um distribuição a priori respeitável e consistente com aquele otimismo mas o histórico recente nas últimas copas e nesse próprio campeonato não permitia tanta confiança. Acho que aconteceu um momento de "histeria coletiva" que impediu muita gente de acreditar na informação trazida pelos dados recentes (exemplo: classificação apenas nos penaltis contra o Chile). Assim como não devemos descartar a priori, não devemos descartar os dados. A consequência inevitável será uma posteriori distorcida. Quem nos garante isso é o teorema de Bayes. E decisões baseadas nessa posteriori distorcida só poderão nos levar a decepção, muita decepção. Foi o que aconteceu.

O segundo ponto foram as eleições deste ano. Sempre existe o inevitável interesse que as eleições despertam. Este ano tivemos o ingrediente adicional das discrepâncias significativas entre o resultado real das urnas e os resultados de pesquisa de intenção de votos às vésperas da eleição de muitos institutos de pesquisa. Várias teorias foram elaboradas, incluindo as conspiratórias de praxe. O segundo turno apresentou uma estabilidade muito maior mas cuidados extra foram tomados e o problema era bem mais simples porque havia apenas 2 candidatos. A discussão de amostragem probabilística x amostragem por cotas ressurgiu com força e também foram dedicadas algumas postagens no StatPop para o tema.

Finalmente, a imprescindível discussão sobre o uso da TRI no ENEM. Quanto mais perdura essa discussão na sociedade, mais me surpreende que a TRI tenha sido estabelecida como o padrão para as provas de seleção para ingresso nas universidades do país. Esse movimento foi um dos triunfos mais expressivos para a Estatística junto à sociedade brasileira. O fato é que continua havendo interesse pelo assunto, como resultado direto da incompreensão de parcelas expressivas da sociedade sobre o que a TRI faz. 

De qualquer forma, confesso ter ficado feliz ao ajudar a colocar o teorema de Bayes em horário nobre na TV brasileira. No caso, ele apareceu como fonte de explicação sobre o que significa a TRI. Claro que existe uma distância considerável entre a TRI e o Teorema de Bayes. Alguns alegarão que a relação entre eles é nula. Mas gosto de acreditar que a educação estatística é feita em muitas pequenas etapas e a etapa deste ano foi apenas uma delas.

Assim, parece-me que foi um ano positivo em termos de exposição na mídia da Estatística, realçando sua importante participação na compreensão de assuntos de grande interesse no país. Ainda existe muito por fazer e devemos estar prontos para a tarefa. Que venha 2015!

Um comentário:

  1. E daqui a pouco vai aparecer algum estatístico/matemático na TV falando sobre as probabilidades de alguem ganhar na mega sena da virada.

    ResponderExcluir