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Mas existe outra discussão interessante, sobre a exatidão dos métodos estatísticos. Ela diz respeito ao próprio desenvolvimento da Estatística. Apesar de ser uma ciência exata, a Estatística tem variações e nuances que beiram a filosofia. A Estatística está estruturada em 2 vertentes diferentes e antagônicas. De um lado, existe a visão objetiva ou frequentista, que só aceita tirar suas conclusões a partir de dados observados, e de outro lado existe a visão subjetiva ou Bayesiana, que aceita levar em conta conhecimentos prévios, além dos dados observados. Esse último nome é uma referência a Thomas Bayes (1701-1761). Bayes foi um reverendo presbiteriano e também matemático, que propôs uma forma inversa de resolver problemas de Estatística. Essa proposta feita por Bayes tem uma história interessante, que ficará para uma postagem posterior.
Voltando aos 2 diferentes pontos de vista, vale dizer que outras áreas da ciência também tem divisão similar entre empiricismo e racionalismo. Pode parecer à 1a vista que o frequentismo (empiricismo) é mais imune a criticas por não levar em conta as subjetividades das pessoas envolvidas. Entretanto, ele também se baseia em modelos ou regras e esses modelos vem da subjetividade de quem os propõe e/ou os aceita. A defesa do frequentismo é que os modelos são baseados apenas no que foi observado e portanto não sofrem contaminação subjetiva. A discussão de se é possível evitar a introdução de viés subjetivo é infindável. O subjetivismo (racionalismo) evita essa polêmica ao assumir suas convicções claramente subjetivas.
A principal crítica ao subjetivismo é que ele permite introduzir qualquer subjetividade, por mais parcial que seja. Isso é verdade mas a mentira tem pernas curtas. Ao explicitar a subjetividade usada, a pessoa se expõe e terá de fornecer bons argumentos para defendê-la. Caso contrário, ninguém vai acreditar. Mas vamos supor que não se questione a subjetividade introduzida, por mais absurda que seja. Ela terá de se confrontar com a realidade e esse teste é infalível. Se houve muita arbitrariedade, as conclusões não terão nenhum respaldo na realidade, levando ao descrédito do que foi proposto.
Em resumo, a subjetividade quando bem usada pode ser benéfica. Ela tem que provar sua utilidade e nenhum teste melhor que o teste da realidade. Se ela for usada com objetivos escusos, isso inevitavelmente será detectado e descartado. Não conheço nenhum Bayesiano que defenda o uso indiscriminado de informação prévia, justamente por isso. Levaria sua visão ao descrédito e agindo contra o que ele defende.
Até o fim do século passado, houve muita discussão, às vezes acalorada, entre defensores dos 2 pontos de vista. Nos dias de hoje, essa discussão tem sido em muito diminuída com a maior compreensão das vantagens e desvantagens de cada abordagem. Contribuíram para isso, a aumento da capacidade computacional e um maior pragmatismo na atuação dos estatísticos. Ou seja, a discussão de questões filosóficas e de fundamentos foi em grande parte trocada pela busca de soluções para novos problemas.
Até o fim do século passado, houve muita discussão, às vezes acalorada, entre defensores dos 2 pontos de vista. Nos dias de hoje, essa discussão tem sido em muito diminuída com a maior compreensão das vantagens e desvantagens de cada abordagem. Contribuíram para isso, a aumento da capacidade computacional e um maior pragmatismo na atuação dos estatísticos. Ou seja, a discussão de questões filosóficas e de fundamentos foi em grande parte trocada pela busca de soluções para novos problemas.
Dani,
ResponderExcluirEu tenho pensado bastante em um ponto, mas nao sei nenhuma referencia no assunto. Ai vai
se probabilidades sao subjetivas, podemos entende-las como se fossem utilidades. Utilidades geralmente representam escolhas racionais. Sera que podemos falar de probabilidades irracionais? E o que seria uma base de dados que mostra probabilidades irracionais?
Abs e parabens pelo blog.
Assim como as utilidades, as probabilidades também devem satisfazer uma série de condições para serem 'aceitáveis'. Falha em atender a esses critérios leva à incoerência. Existem várias formas de testar coerência. A forma mais visível é a perda de dinheiro com certeza, se você aceitar fazer apostas de acordo com probabilidades incoerentemente especificadas.
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