Jeff foi um brilhante estatístico, formador de uma forma de pensar séries temporais sob o enfoque Bayesiano, influenciando gerações de estatísticos pelo mundo com seus modelos lineares dinâmicos (MLD). Esses modelos já eram conhecidos na literatura de Engenharia e ganharam muita popularidade com a sua viabilização através dos filtros introduzidos por Kalman na década de 60. Mas Harrison soube acoplar a esses modelos toda a gama de possibilidades do ponto de vista Bayesiano, dando a eles uma amplitude muito maior. Entre suas maiores contribuições se encontram:
- mistura de modelos (fundamental para sua implementação prática);
- aprofundamento da questão da intervenção (dando fundamentação teórica aos anseios da comunidade aplicada);
- incorporação da noção de desconto como artifício para especificação da evolução do sistema;
- desenvolvimento de técnicas de monitoramento;
- extensão para séries temporais não-lineares e não-Gaussianas.
Esse último tópico foi de grande importância para o avanço dos MLD e foi desenvolvido em conjunto com Mike West, atualmente na Universidade de Duke, e Helio S. Migon, atualmente chefe do Depto de Métodos Estatísticos da UFRJ. Ele teve orientou vários alunos de doutorado, entre os quais se incluem 4 orientados brasileiros, todos com tese em MLD que, após regressar ao país, assumiram posição de destaque em diferentes universidades brasileiras.
Outra de suas criações foi o depto de Estatistica de Warwick, hoje ostentando um recorde de cerca de 30 docentes, o que é uma raridade em termos de Inglaterra. Todos esses docentes são pesquisadores ativos, boa parte deles seguidores ou simpatizantes do ponto de vista Bayesiano. Além disso, o departamento é responsável por uma graduação e uma pós-graduação em Estatistica com muitos e bons alunos. Jeff teve grande influencia nesse sucesso, formulando as diretrizes gerais da sua implantação na década de 70.
Conheci Jeff Harrison de perto durante os 4 anos que passei em Warwick no meu doutoramento. Sua clarividência científica (especialmente em problemas aplicados) sempre me impressionou. Ele sempre tinha uma visão mais abrangente do problema sendo discutido e tinha uma percepção aguçada de qualquer assunto, fosse ele de séries temporais ou não. Sempre foi um prazer conversar sobre Estatística com ele.
Nas últimas décadas, ele se afastou da vida universitária, após sua aposentadoria precoce. Mas as marcas de sua brilhante trajetória podem ser encontradas em todos que tiveram alguma interação mais significativa com ele. Sua perda será muito sentida.
Conheci Jeff Harrison de perto durante os 4 anos que passei em Warwick no meu doutoramento. Sua clarividência científica (especialmente em problemas aplicados) sempre me impressionou. Ele sempre tinha uma visão mais abrangente do problema sendo discutido e tinha uma percepção aguçada de qualquer assunto, fosse ele de séries temporais ou não. Sempre foi um prazer conversar sobre Estatística com ele.
Nas últimas décadas, ele se afastou da vida universitária, após sua aposentadoria precoce. Mas as marcas de sua brilhante trajetória podem ser encontradas em todos que tiveram alguma interação mais significativa com ele. Sua perda será muito sentida.
Alguns meses atrás, a Royal Statistical Society me escreveu pedindo para preparar um pré-obituário de Jeff Harrison. Pensei sobre sua importância e refleti por instantes sobre o que poderia ser um texto sobre a contribuição para a Estatística. Mas a idéia da morte dele não me caiu bem; eu não queria aceitar o inevitável e recusei o convite. Mal podia imaginar que em tão pouco tempo, eu acabaria por fazer, aqui nesse espaço, um tributo a esse grande nome que se foi.
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