terça-feira, 1 de outubro de 2013

Estatística no Brasil

www.redeabe.org.br

Antes que um apanhado histórico, será feita aqui uma descrição da Estatística neste momento no Brasil. Além disso, a descrição será fortemente centrada na parte acadêmica, que vivencio há 3 décadas.

A Estatística é uma ciência nova no mundo, começando formalmente no início do século passado. Portanto, não surpreende que ela seja ainda mais nova no Brasil, tendo começado com alguma formalização há cerca de 60 anos, com o curso de nível superior da ENCE, escola de formação de Estatísticos do IBGE. 

Hoje em dia, existem várias escolas de formação de estatísticos pelo país. Com a recente expansão do ensino superior no país promovida pelo MEC, acredito que quase todas as universidades federais sediadas nas capitais tem um curso de graduação em Estatística. Além disso, algumas universidades estaduais também oferecem esse curso e umas poucas instituições privadas.

A nível de pós-graduação, 6 universidades oferecem mestrado e doutorado: UFRJ, USP, UNICAMP, UFMG, UFPE e UFSCAR. Além disso, existem mais uns 5 departamentos com apenas mestrado em Estatística e outros tantos com mestrado e doutorado em áreas correlatas. Essas universidades são responsáveis pela quase totalidade da produção científica nacional na área. Fomentada pelo rigoroso sistema de avaliação dos nossos órgãos de apoio à pesquisa, essa produção científica aumentou muito em termos quantitativos nos últimos anos embora ainda deixe a desejar em termos qualitativos.

A nível nacional, a área também possui um Conselho Federal de Estatística, com representantes estaduais (CONRE´s) cuja principal função é a normatização da profissão e a Associação Brasileira de Estatística (ABE). A ABE tem por função a disseminação do conhecimento da Estatística, notadamente através de eventos científicos. Esse eventos costumam ter periodicidade bianual. Os principais são: Simpósio Nacional de Probabilidade e Estatística (SINAPE, em julho de anos pares), Escola de Modelos de Regressão (EMR, início de anos ímpares), Escola de Séries Temporais e Econometria (ESTE, meados de anos pares) e Encontro Brasileiro de Estatística Bayesiana (EBEB, início de anos pares). Além desses encontros mais tradicionais (todos já tem mais de 10 edições realizadas), recentemente surgiram alguns outros encontros com edições que se repetem anual ou bianualmente. Destes, gostaria de destacar o Congresso Brasileiro de Teoria de Resposta ao Item (CONBRATRI), que contribui para a organização das 2 primeiras edições (bianuais, no final de anos ímpares). Maiores informações sobre a ABE (cujo logo está no início desta postagem) e seus eventos podem ser obtidas no site www.redeabe.org.br.

A ABE mantem também um periódico científico de circulação internacional (Brazilian Journal of Probability and Statistics),  um periódico científico de circulação nacional (Revista Brasileira de Estatística) e uma lista de discussão (abe-l@ime.usp.br) de estilo, digamos assim, eclético, com mensagens das mais variadas naturezas, refletindo em parte o estado de desenvolvimento da Estatística no país. Mas parte das mensagens contem informações úteis sobre acontecimentos ligados à area. Ela pode ser acessada a partir do site da ABE.

No campo não-acadêmico, existem inúmeras oportunidades de atuação para o profissional de Estatística, refletindo o caráter multidisciplinar dessa área do saber. Podem ser encontrados estatísticos trabalhando em hospitais, bancos, corretoras, indústrias de diversos ramos entre outros. Essa diversidade ainda pouco conhecida no Brasil vem chamando a atenção. Pesquisa recente realizada pelo IPEAmostra que a Estatística possui a 2a maior média salarial no pais, perdendo apenas para Medicina. 


1 - ver http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=16750

2 comentários:

  1. Olá Dani!
    Sou nova como seguidora no seu blog, mas estou achando muito interessante e querendo contribuir para a popularização da estatística.
    Tenho lido muito sobre um novo fenômeno que está acontecendo em função de uma nova onda chamada "Big Data". Para analisar grandes volumes de dados, tem toda uma estrutura de TI para armazenar, mas a "boa e velha" estatística está ganhando novos títulos. Se é que estou entendendo bem! Agora existe uma categoria profissional chamada cientista de dados, que faz análise. Pode ser estatístico ou não, mas se for, melhor! Será só uma nova nomenclatura (pra dar mais charme à profissão!) ou é uma outra profissão? Isso me lembrou dos bibliotecários que agora são cientistas da informação.

    Qual é a diferença entre cientista de dados e o cientista de informação no sentido literal?

    Abraços,
    Ana Denise Ceolin (estatística formada na UFMG)

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  2. Ana Denise, seja benvinda a este forum de discussão. Realmente existe uma onda nova surgindo no mundo da análise de dados, associada à disponibilidade cada vez maior de armazenamento de informação. Chamada de "big data", ela está associada à compreensão de interrelações existentes entre variáveis presentes em grandes massas de dados. Exemplos incluem procurar relacionar preferencia de milhões de clientes de uma videolocadora por filmes de uma videoteca contendo milhões de filmes. Como todo fenômeno envolvendo computação, esse assunto multidisciplinar tem atraido profissionais de várias áreas, especialmente pessoal de computação. Se por um lado isso é bom por atrair outros profissionais para mais próximo da Estatística, tem o aspecto negativo de ensejar o desenvolvimento de técnicas essencialmente estatísticas por outros profissionais, com resultados variados.
    O assunto é suficiente complexo para merecer uma postagem por si só mas deixa claro que as fronteiras entre as áreas do saber não são tão claras. Além disso, a maioria das iniciativas bem sucedidas envolve o correto uso de ferramental estatístico. Prometo voltar a esse assunto com mais detalhe.

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