terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Lobão e a Lei de Cromwell (continuação)

veja.abril.com.br

Semana passada falamos aqui sobre um pronunciamento do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que falou que o risco de apagão no país era zero. Alertamos sobre a temeridade de afirmações definitivas como essa. Apoiamos nossa argumentação na Lei de Cromwell, que afirma que não se deve descartar eventos possíveis por mais improváveis que eles possam nos parecer. A semana que passou desde então mostrou justamente o que temiamos: a falibilidade dessa afirmação do ministro.

Em um exemplo daquilo que muitos associariam à outra Lei (a de Murphy), vários episódios de desabastecimento em diferentes regiões do país aconteceram ao longo dessa semana. A Lei de Murphy fala que se algo pode dar errado, ele dará. Acho que essa discussão tem tudo a ver com probabilidade e, por isso, merece uma postagem aqui no blog em um futuro próximo. 

O ministro poderia se defender argumentando de várias formas. Ele poderia alegar não saber a Lei de Cormwell, cujo conhecimento o teria impedido de falar o que falou. Ele poderia dizer que a culpa dos apagões não foi da falta de energia, que era o que ele talvez estivesse querendo se referir, mas da precariedade do sistema de transmissão. De qualquer forma, o fato é que houve episódios de desabastecimento, o que havia sido atribuido risco 0 pelo ministro.

De qualquer forma, o que os dias após a frase mostraram foi a confirmação imediata da inadequação de afirmações determinísticas para cenários de incerteza. Em resumo, se alguém ainda tinha dúvidas de que a Lei de Cromwell deve ser seguida sempre e por todos, o nosso ministro mostrou que essa Lei é preciosa e tem que ser obedecida por todos que não querem ser pegos em flagrante contradição. Por ter prestado esse serviço à Estatística ainda que involuntariamente, ele merece ter sua foto acima como chamada desta postagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário