terça-feira, 10 de junho de 2014

Stephen Hawking e a Copa do Mundo

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Na semana da abertura de mais uma edição da Copa do Mundo, justamente na edição sediada no Brasil, nosso tema não poderia ser outro. Que a Copa do Mundo mexe com a população mundial, ninguém duvida. O que chamou a minha atenção recentemente foi a dedicação que o físico Stephen Hawking devotou ao tema. Stephen Hawking é um renomado professor da Universidade de Cambridge, onde fundou e é atualmente o diretor de pesquisa do Centro de Cosmologia Teórica. Apesar de acometido de uma grave doença degenerativa que lhe tomou os motivos do corpo, ele se mantem ativo através de um elaborado equipamento que lhe permite se comunicar com o mundo. A vida de Stephen Hawking é interessante o suficiente para várias postagens mas não trataremos dela aqui agora.

A última novidade de Stephen é que ele resolveu colocar sua mente para funcionar em prol das chances da Inglaterra, seu país, ser bem sucedido na Copa do Mundo que se aproxima. Convidado pela agencia de apostas Paddy Power, ele utilizou um modelo de regressão logística para avaliar as chances da Inglaterra vencer partidas na Copa. O modelo logístico em si é uma ferramenta bastante conhecida dos estatísticos, usada para explicar comportamento de variáveis dicotômicas, do tipo sucesso/fracasso, vida/morte e.... vitória/derrota. A explicação é feita através de outras variáveis que ajudam a predizer o que faz com que o resultado seja um sucesso ou um fracasso. Ele usou dados de jogos das Copas do Mundo desde 1966 para gerar seus resultados. O texto que Stephen Hawking preparou com exclusividade para a Paddy Power, explicando todo o episódio pode ser visto aqui. [Vale ressaltar que seus honorários foram doados para instituições de caridade.]

O que mais chamou a minha atenção no modelo logístico de Hawking foi a, digamos, insólita seleção de variáveis explicativas que ele utilizou. Normalmente, em estudos desse tipo, usam-se variáveis associadas aos times envolvidos como que jogador está mais presente em vitórias, se o jogo é realizado na casa do adversário ou no seu próprio estádio, etc.

Ao invés de utilizar esse tipo de dado relacionado diretamente ao jogo, Hawking usou outras variáveis menos convencionais. Ele analisou, por exemplo, a influência da cor da camisa do time ingles e da temperatura na hora do jogo, a própria hora do jogo, a altitude do local do jogo e se o juiz do jogo é europeu. Esse tipo de variável está longe de ser aquela que alguém ligado ao futebol usaria. Parece-me que a relevância de alguma delas pode estar ligada a alguma correlação espúria, ponto que abordamos aqui em postagem anterior. A altitude do local do jogo me parece ser a mais suspeita de estar mascarando o efeito de alguma outra variável concomitante.

Longe de mim estar duvidando da capacidade do Professor Stephen Hawking em qualquer área do domínio científico, até mesmo da Estatística. Mas será curioso ver como o modelo logístico de Hawking reagirá quando confrontado com a realidade que se materializará nos jogos da Inglaterra na Copa do Mundo que se aproxima.

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A repercussão na mídia do envolvimento do Prof. Hawking com a Copa do Mundo:
  • www.theguardian.com/science/2014/may/28/stephen-hawking-formulae-england-world-cup-success
  • www.telegraph.co.uk/sport/football/teams/england/10861713/World-Cup-2014-Stephen-Hawkings-theory-for-England-victory-in-Brazil.html
  • www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2641564/Stephen-Hawking-analyses-World-Cup-data-work-formula-Englands-success.html

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