terça-feira, 14 de julho de 2015

Cortes na Pós-Graduação brasileira

Nao é novidade para nenhum cidadão brasileiro que o país passa por uma crise econômica com fortes impactos sobre o custeio da máquina administrativa. Também não é novidade que houve cortes nos recursos alocados a todos os ministérios e que o corte no aporte financeiro para o Ministério da Educação (MEC) foi de cerca de 20%. Tambem é sabido que os recursos necessários para a manutenção dos programa de pós-graduação no ano de 2015 ainda não foram repassados pelo MEC para as universidades.

Apesar do cenário preocupante, muitos ainda nutriam esperanças que os recursos tardariam mas viriam. No inicio da semana, a sociedade brasileira foi informada que isso não acontecerá. Haverá um corte de surpreendentes 75% dos recursos para a pos-graduação brasileira. Esses recursos são fundamentais para que sejam adquiridos os insumos básicos para a pesquisa como materiais e equipamentos bem como verbas para passagem e diárias com participação de docentes e alunos em congressos e de docentes externos para participação em bancas e outros eventos imprescindíveis ao andamento da atividade de pesquisa. 

A surpresa foi porque esse tipo de fomento já faz parte fundamental da sobrevivência da pós-graduação brasileira, que, se ainda nao atingiu níveis de 1o mundo, tem feito esforco considerável para ser mais eficiente. Quem cobra essa eficiência é o próprio MEC através de avaliações bastante criteriosas, aprimoradas ao longo dos últimos anos. O corte pegou todo esse universo sem nenhuma possibilidade de reação no curto prazo.

Por outro lado, o MEC anunciou a manutenção de 90% dos recursos para a pós-graduação. Pode parecer paradoxal mas esses números revelam uma realidade: o custo de manutenção das bolsas dos alunos consome parcela considerável do recurso disponível para a pós-graduação. A manutenção das bolsas de estudos em vigor foi corretamente tomada como ponto de honra. Uma opção de corte poderia ser o Programa Ciência sem Fronteiras, recentemente introduzido e que tantas críticas tem recebido da comunidade acadêmica pela sua questionável eficácia. Mas esse parece também ser outro ponto de honra do governo. Assim, com o "cobertor curto" imposto pelo governo federal, sobraram poucas opções para o MEC, além de promover um corte profundo nas verbas de custeio da pós-graduação.

Ainda não está claro o efeito que essa medida terá. Muitos falam na destruição em um ano de um projeto que levou décadas para ser estabelecido e ainda está em frase de consolidação. Quero quer que não chegará a tanto se o corte ficar restrito a este ano mas não restam dúvidas que ele trará muitas dificuldades para este ano e exigirá muita inventividade e capacidade empreendedora dos programas de pós-graduação. Resta-nos torcer que o quadro possa ser mitigado por negociação ainda em curso e que de alguma maneira seja reconstituído para o próximo ano.

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