http://ip-science.thomsonreuters.com/m/pdfs/mgr/jcr-qrg.pdf
O índice bibliométrico mais conhecido é o fatos de impacto. Esse índice é mundialmente utilizado como referência para avaliação da penetração de um periódico científico e, consequentemente, de sua importância. O índice basicamente calcula o impacto de um periódico pela quantidade de citações que os artigos lá publicados auferem. Basicamente são computados o número de artigos publicados em uma dada janela de tempo no passado (2 ou 5 anos) e o número de citações que esses artigos receberam em um dado ano posterior.
Seguindo o exemplo do documento preparado pela empresa para explicar índices de avaliação de periódicos, suponha que estamos em 2016 e deseja-se compilar o índice de impacto de 2 anos do periódico A em 2015. Olha-se o número de artigos que a revista A publicou nos 2 anos anteriores. Por exemplo: 98 artigos publicados em 2014 e 71 artigos publicados em 2013, perfazendo um total de 169 artigos. Olha-se também o número de citações que esses 169 artigos receberam em todos os artigos de todos os periódicos na base de dados e suponha que o total de citações foi 510. Então o fator de impacto desse periódico A é 3,018 ( = 510/169).
Esse índice está fortemente estabelecido na Ciência mundial e é raro não vê-lo mencionado quando se refere a algum periódico e se trata de sua avaliação. Vale registrar que o índice obviamente varia enormemente entre as áreas da Ciência, de acordo com a quantidade de cientistas nela envolvidos. Periódicos de maior relevância em áreas com maior número de cientistas atingem facilmente fatores de impacto da ordem de dezenas ao passo que os de periódicos de áreas com menor quantidade de pessoal científico e consequentemente com menor número de periódicos e de artigos nem chegam perto de 2 dígitos. Como exemplo, o periódico de Estatística com maior fator de impacto é o Journal of the Royal Statistical Society, Series B, com fator de impacto em torno de 4!
Outro índice gerado pela mesma Thomson Reuters é a meia vida de citação (cited half-life, em inglês). Esse índice visa complementar a informação do fator de impacto ao informar o "tempo de vida" de um artigo. O índice funciona assim: considere todas as 400 citações que o periódico B recebeu em 2015 e suponha que essas citações se referem a 80 artigos publicados em 2014, 60 artigos publicados em 2013, 45 em 2012, 30 em 2011, ...Conta-se quantos anos são necessários para atingir metade das citações (200 citações, no nosso exemplo). No caso acima, tem-se 185 citações até 3 anos atrás e 215 citações até 4 anos atrás. Portanto, a meia vida de citação é de 3,5 anos.
Esse índice procura verificar a longevidade dos artigos publicado em um revista. A principal utilidade desse índice, segundo avaliação da própria empresa que calcula esse indice, é facilitar o serviço de bibliotecas na disponibilização dos periódicos aos usuários. Por outro lado, existem aqueles sustentando que, quanto mais longa é a memória dos artigos de um periódico, mais densa é a informação científica por ele fornecida. Nesse caso, ter uma vida longa poderia ser tomado como um indicador de vitalidade do periódico.
Essa avaliação não é unanimidade na comunidade. Um problema desse índice é associado a periódicos mais novos que, mesmo tendo penetração importante, estão matematicamente impossibilitados de obter índices compatíveis com essa penetração. Isso gera um problema interessante de conotações estatísticas que seria o de inferir qual seria o verdadeiro (mas hipotético) índice de meia-vida do periódico. Esse tipo de problema está associado a existência do fenômeno de censura, isto é, impossibilidade de observação de forma completa de alguma variável relevante. Esse fenômeno é muito comum em áreas da Estatística, como Análise de Sobrevivência, e já foi descrito aqui.
Existem outros índices já criados e outros sendo criados a cada instante. É até possível entender o porque dessa profusão bibliométrica. Esses índices vem sendo usados pelos mais variados órgãos de avaliação da produção científica mundo afora. Um exemplo recente de questionamento da sua eficácia foi dado por um comunicado da Royal Statistical Society (a sociedade de estatística britânica). O porque dos posicionamentos a favor e contra o uso desses índices será tratado com mais detalhes em postagem futura.
Essa avaliação não é unanimidade na comunidade. Um problema desse índice é associado a periódicos mais novos que, mesmo tendo penetração importante, estão matematicamente impossibilitados de obter índices compatíveis com essa penetração. Isso gera um problema interessante de conotações estatísticas que seria o de inferir qual seria o verdadeiro (mas hipotético) índice de meia-vida do periódico. Esse tipo de problema está associado a existência do fenômeno de censura, isto é, impossibilidade de observação de forma completa de alguma variável relevante. Esse fenômeno é muito comum em áreas da Estatística, como Análise de Sobrevivência, e já foi descrito aqui.
Existem outros índices já criados e outros sendo criados a cada instante. É até possível entender o porque dessa profusão bibliométrica. Esses índices vem sendo usados pelos mais variados órgãos de avaliação da produção científica mundo afora. Um exemplo recente de questionamento da sua eficácia foi dado por um comunicado da Royal Statistical Society (a sociedade de estatística britânica). O porque dos posicionamentos a favor e contra o uso desses índices será tratado com mais detalhes em postagem futura.
A meu ver a meia-vida tambem sofre da mesma variacao imensa entre as areas da Ciencia. Dessa vez, ao contrario: enquanto um artigo em Imunologia fica obsoleto [e portanto deixa de ser citado] em no maximo dois anos, artigos de Estatistica sao citados tranquilamente por trinta anos.
ResponderExcluirUm exemplo pessoal e' o artigo de Geoge e McCulloch (1993, JASA) que estou usando em minha pesquisa. Eu tinha 2 anos quando o artigo foi publicado, e ainda hoje usamos a mesma tecnica para selecao de variaveis!
Por outro lado, artigos antigos de biologia, quando citados, o sao por seu valor historico.