http://ruf.folha.uol.com.br/noticias/2016/09/1813940-usp-perde-a-lideranca-das-universidades-para-a-ufrj.shtml
Acaba de ser divulgado o ranking universitário Folha (RUF), compilado pelo jornal Folha de São Paulo. Esse ranking nada mais é que um índice criado para classificar as universidades brasileiras. Esse índice é criado a partir de uma série de dados levantados sobre cada uma das universidades. Com isso, a Folha sai na frente dos jornais nacionais e segue o exemplo do tradicional jornal inglês The Times, que edita já há algum tempo um ranking similar com universidades de todo o mundo. Diga-se de passagem, o ranking de 2016 do The Times também acaba de ser divulgado.
Existe uma série de outras instituições classificando e ordenando as universidades ao redor do mundo. Em um mundo globalizado e com pessoas constantemente interagindo entre continentes, esses rankings são levados de forma muito séria. Alguns anos atrás, visitei uma universidade australiana que possuia um departamento dedicado exclusivamente em buscar formas de melhorar o posicionamento dessa universidade nos diversos rankings internacionais. Não tenho dúvidas que outras universidades ao redor do mundo tem igual preocupação. Esse comportamento só mostra a importância que essas classificações tem. Infelizmente no Brasil, o quadro é bem diverso e ficaria surpreso se igual providência estivesse sendo tomada por alguma universidade nacional.
Voltando ao ranking da Folha, ele é composto de 5 aub-índices de classificação: ensino, pesquisa, mercado, inovação e internacionalização. Cada um desses sub-índices, por sua vez, é composto por uma série de indicadores. A base de dados utilizada varia de acordo com o índice e não considera a mesma janela de tempo para os diferentes ítens. Apesar disso, trata-se de uma avaliação séria que pretende fazer uma radiografia completa das universidades.
Chamou a atenção de todos que este ano que, pela primeira vez, a Universidade de São Paulo (USP) perdeu o posto de 1o lugar, que sempre ocupou em todas as avaliações anteriores, para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Existe um entendimento geral que as melhores universidades do país são USP, UFRJ e a Universidade de Campinas (Unicamp), com a USP invariavelmente sendo colocada à frente de suas concorrentes. De fato, a USP está (bem) à frente de suas competidoras nacionais (e latinoamericanas) no ranking do The Times acima mencionado.
Chamou a atenção de todos que este ano que, pela primeira vez, a Universidade de São Paulo (USP) perdeu o posto de 1o lugar, que sempre ocupou em todas as avaliações anteriores, para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Existe um entendimento geral que as melhores universidades do país são USP, UFRJ e a Universidade de Campinas (Unicamp), com a USP invariavelmente sendo colocada à frente de suas concorrentes. De fato, a USP está (bem) à frente de suas competidoras nacionais (e latinoamericanas) no ranking do The Times acima mencionado.
O que aconteceu então para que a USP perdesse a posição que tudo indicava ser confortavelmente sua? O próprio site do ranking da Folha explica isso; a USP insiste em não participar do Enade, um exame realizado pelo governo federal através do Ministério da Educação. (A bem da verdade, as outras universidades estaduais de São Paulo não participavam mas acabaram entrando com exceção da USP.) E o ranking da Folha leva em conta (corretamente, a meu ver) o resultado do Enade. Com isso, a colocação da USP no quesito Ensino (que leva em conta o Enade) despenca para o 8o lugar. As colocações da USP nos outros 4 quesitos são 1o em 3 deles e 5o em internacionalização. Se a USP obtivesse o mesmo resultado no Enade que a UFRJ recuperaria o 1o posto na classificação geral, conforme indicado pela própria Folha.
Esse assunto é carregado de matizes ideológicos. O Enade é um exame que foi introduzido recentemente pelo governo federal e consiste de uma prova de conhecimentos específicos a cada área de formação dos alunos a nível de graduação. Grupos de influência avessos a avaliações o tem contestado sistematicamente. Ele certamente tem erros mas é uma forma direta e objetiva de inferir a nível de preparação dos alunos que a instituição de ensino pretende formar. Ele ajuda a discernir as boas formações de alunos das ineficientes. Críticas podem ser dirigidas a um melhoramento e não à sua extinção. Essas críticas ignoram o efeito benéfico que a avaliação do sistema de Pós-Graduação nacional pelo governo federal trouxe.
A opção da USP pela não adesão ao Enade passa, ainda que involuntariamente, uma impressão elitista, de que ela não precisa se submeter a avaliações. Independente das inúmeras interpretações que podem ser emprestadas ao tema, espero que esse resultado da Folha leve a instituição a uma revisão dessa posição, reafirme a importância do processo de avaliação e ajude a melhorar a universidade brasileira como um todo.
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