Fonte: arquivo pessoal
A vida é feita de acontecimentos e alguns dos mais importantes são marcados por cerimônias que visam eternizá-los; casamentos, enterros, nascimentos são alguns dos exemplos mais vívidos. A vida acadêmica não é diferente. Em termos da formação de um pesquisador, não há dúvidas que o momento mais marcante é o ponto de partida, quando um pesquisador deixa de ser um aluno, tutorado por algum orientador, e passa a ser independente. Esse momento é a defesa da sua tese de doutorado.
Recentemente, tive a oportunidade de assistir uma defesa de tese na Holanda. Eu já havia sido informado das peculiaridades das defesas desse pais mas fui verificá-las in loco. Talvez valha a pena começar a descrever esse processo explicando o que ele envolve e exemplificando com a experiência de alguns países que conheço.
Uma tese de doutorado é um texto científico sistematizado sobre algum tema original, que nunca havia sido tratado dessa forma antes. Essa regra vale para qualquer área da Ciência e envolve um requisito básico da atividade científica: a proposição de algo inovador que aumente o nível de conhecimento da sociedade sobre um dado assunto. Assim, o processo deve passar por alguma forma de avaliação que permita aferir se esse requisito básico foi cumprido com o grau de aprofundamento necessário.
A minha experiência mais próxima é a do Brasil, onde a defesa envolve uma apresentação do aluno contendo os seus principais resultados, seguida de uma arguição por tempo ilimitado pelos membros de uma banca examinadora e deliberação final da banca. Tudo isso é feito geralmente sem nenhum ritual ou regra específica embora algumas universidades peçam para a banca se dirigir a uma mesa no palco durante a arguição. Acho que os Estados Unidos seguem padrão similar. Possivelmente nosso ritual tenha sido adaptado a partir do modelo americano.
Os países europeus tem uma cerimônia bem mais elaborada. Em Portugal, a banca fica toda perfilada em uma mesa que ocupa o centro do palco e assim exerce papel proeminente em todo o processo. Vários outros países tem formalismos similares mas as peculiaridades da Holanda são conhecidas em todo o continente apesar de serem, em grande parte, desconhecidas nas outras partes do mundo. [Uma notável exceção na Europa é o sistema britânico. Nele, a defesa é realizada a portas fechadas em uma reunião entre o candidato e uma banca contendo apenas 2 pessoas: um membro interno e um membro interno.]
Voltando à Holanda, a defesa tem início com uma apresentação de poucos minutos (15, no caso que presenciei) feita pelo candidato e voltada para o público leigo. Após essa apresentação, feita sem a presença da banca, a banca é introduzida no palco junto com o presidente e o(s) orientador(es) por uma mestre de cerimônias portando uma espécie de cajado, e com todos trajando toga e chapéus apropriados. A foto acima ilustra a chegada desse grupo.
A etapa seguinte é comum a outras defesas: a arguição do candidato pela banca. Mas mesmo aqui há a peculiaridade de haver um limite preciso de tempo para perguntas por cada examinador (11 minutos, no caso que presenciei) e esse tempo é rigorosamente controlado pelo presidente da banca. Após a arguição, a banca se retira para deliberar e volta com a decisão, com todos esses movimentos comandados pelo(a) mestre de cerimônias.
Finalmente, após a divulgação da decisão, há a etapa de enaltecimento das qualidades do candidato aprovado através de um discurso do orientador. Interessantemente, essa etapa abre espaço para considerações de carater pessoal. Todas essas etapas estão de alguma forma presentes nas nossas defesas, mas sempre dotadas de muito menos formalismo e estruturação. O processo tem também citações em latim e ocorreu em um edifício, apropriadamente denominado Aula, preparado especificamente para esse fim.
Fiquei refletindo sobre as vantagens e desvantagens de cada formato e confesso estar ainda pensando sobre o assunto. Talvez a melhor opção pudesse ser um meio termo envolvendo a presença de todas as etapas acima mas sem a exigência do formalismo.
Os países europeus tem uma cerimônia bem mais elaborada. Em Portugal, a banca fica toda perfilada em uma mesa que ocupa o centro do palco e assim exerce papel proeminente em todo o processo. Vários outros países tem formalismos similares mas as peculiaridades da Holanda são conhecidas em todo o continente apesar de serem, em grande parte, desconhecidas nas outras partes do mundo. [Uma notável exceção na Europa é o sistema britânico. Nele, a defesa é realizada a portas fechadas em uma reunião entre o candidato e uma banca contendo apenas 2 pessoas: um membro interno e um membro interno.]
Voltando à Holanda, a defesa tem início com uma apresentação de poucos minutos (15, no caso que presenciei) feita pelo candidato e voltada para o público leigo. Após essa apresentação, feita sem a presença da banca, a banca é introduzida no palco junto com o presidente e o(s) orientador(es) por uma mestre de cerimônias portando uma espécie de cajado, e com todos trajando toga e chapéus apropriados. A foto acima ilustra a chegada desse grupo.
A etapa seguinte é comum a outras defesas: a arguição do candidato pela banca. Mas mesmo aqui há a peculiaridade de haver um limite preciso de tempo para perguntas por cada examinador (11 minutos, no caso que presenciei) e esse tempo é rigorosamente controlado pelo presidente da banca. Após a arguição, a banca se retira para deliberar e volta com a decisão, com todos esses movimentos comandados pelo(a) mestre de cerimônias.
Finalmente, após a divulgação da decisão, há a etapa de enaltecimento das qualidades do candidato aprovado através de um discurso do orientador. Interessantemente, essa etapa abre espaço para considerações de carater pessoal. Todas essas etapas estão de alguma forma presentes nas nossas defesas, mas sempre dotadas de muito menos formalismo e estruturação. O processo tem também citações em latim e ocorreu em um edifício, apropriadamente denominado Aula, preparado especificamente para esse fim.
Fiquei refletindo sobre as vantagens e desvantagens de cada formato e confesso estar ainda pensando sobre o assunto. Talvez a melhor opção pudesse ser um meio termo envolvendo a presença de todas as etapas acima mas sem a exigência do formalismo.
Muito interessante esse modelo! Acho legal a valorização desse momento tão importante, que no Brasil acontece muitas vezes na sala de aula, com a presença de uma banca formada apenas para cumprir com o regulamento. O tempo controlado para cada membro da banca também é uma boa para dar mais foco ao que interessa. Por outro lado, a informalidade do Brasil também da liberdade para haja mais espontaneidade. Legal o texto Dani, Parabéns!
ResponderExcluirBernardo