terça-feira, 27 de junho de 2017

Ciência procura o público - parte II

 https://peercommunityin.org/

A postagem da semana passada tratou de aproximação da Ciência com um público mais geral. A experiência lá reportada tratava de uma iniciativa bastante específica e de âmbito de alcance bastante limitado. Afinal, lidava apenas com os artigos publicados em um específico periódico de Estatística, o Journal of the Royal Statistical Society Series B. Isso naturalmente limita o escopo da iniciativa. Além disso, ela cuida de comentários técnicos associados a esses artigos científicos, o que limita o escopo dos possíveis comentaristas e também dos possíveis interessados nesses comentários. Apesar dessas limitações, é uma proposta muito boa por amplificar a discussão em torno das novidades publicadas nesse meio de divulgação científica.

Essa iniciativa está longe de ser a única forma de aproximação da Ciência em termos de formato, escopo e abrangência. Uma outra forma que está sendo tentada é o projeto Peer Community in ... Trata-se de um projeto sem fins lucrativos que tem como objetivo a discussão de artigos científicos de uma dada área do saber. Nesse projeto, pesquisadores se cadastram e publicam comentários sobre trabalhos científicos já publicados ou não. A primeira área contemplada é Biologia Evolutiva (Evolutionary Biology) e já tem 300 contribuintes (ou recomendadores, como o projeto prefere chamá-los) cadastrados. Trata-se de um projeto em construção e em busca de colaboradores para abrirem versões em outra áreas. Entre as áreas sugeridas pelos seus autores destaca-se Estatística Computacional.

Uma iniciativa similar no sentido de divulgação de trabalhos científicos mas mais restrita em escopo e abrangência é o projeto ArXiv, sediado na Universidade de Cornell. Esse projeto permite a inclusão de artigos antes de eles serem publicados por algum periódico em uma serie de áreas da Ciência, mais concentradas nas Ciências Exatas. Esse instrumento permite a disseminação de textos científicos antes mesmo de sua publicação, isto é, antes de serem validados por algum processo de verificação. Ele também é uma iniciativa bem sucedida mas perde um pouco pela ausência de interação. De todos modos, tem sido uma fonte útil de discussão para autores divulgarem seus trabalhos e avaliarem de acordo com o feedback recebido se algum ajuste precisa ser feito antes de formalizarem pedidos de publicação.

Todos esses projetos tem uma estruturação administrativa bastante organizada com comitês de assessoramento contendo profissionais (geralmente pesquisadores) distribuídos por diversas partes do mundo, mas com uma óbvia concentração em países do mundo desenvolvido. Acho que essas inciativas tem potencial de disseminação da discussão em uma dimensão que fica difícil antecipar e podem servir como uma nova e mais eficaz forma de interação da Ciência com a sociedade.

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