terça-feira, 13 de novembro de 2018

Super erupção vulcânica apocalíptica que poderia DESTRUIR a civilização está muito mais próxima do que pensávamos

https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-5125109/Supervolcano-eruptions-regular-expected.html

O título desta postagem poderá atrair a atenção de muitos, assim como atraiu a minha. Trata-se do título de uma reportagem publicada na seção de Ciência do reconhecido jornal britânico Daily Mail, no dia 29 de novembro de 2017. A reportagem apresenta também os sub-títulos 
  • Uma erupção seria capaz de devolver a humanidade a um estado de pré-civilização
  • As gigantescas explosões poderiam liberar mais de 1.000 gigatoneladas de cinzas no ar
  • Super erupções podem ocorrer tão regularmente quanto uma vez a cada 17.000 anos
  • A janela entre super-erupções pode ser tão curta quanto a cada 5.200 anos
Esse título atraiu a atenção da mídia britânica no final do ano passado e a matéria foi repercutida em  vários outros veículos jornalísticos de comunicação, como o The IndependentThe TimesCBC, Pulse e 24hGold. E com certeza, os sub-títulos ajudaram o clima apocalítico ensejado pelo título. Embora não contivessem nenhuma mentira, elas enfatizaram mais os aspectos mais negativos associados a essa possibilidade.

O mesmo tipo de preocupação foi externada no mesmo período, mas de forma independente do artigo do Daily Mail, pela imprensa americana. Nesse caso, a preocupação estava concentrada especificamente no campo de magma situado abaixo da superfície do Parque Nacional de Yellowstone. Exemplos de reportagens sobre isso incluem matérias do New York Post, do IFLScience! e Usa Today.

A reportagem do título foi baseada nos achados científicos reportados no artigo "The global magnitude–frequency relationship for large explosive volcanic eruptions", publicado no volume 482 do periódico científico Earth and Planetary Science Letters, em 15 de janeiro deste ano. O artigo tem autoria de 4 pesquisadores, todos da Universidade de Bristol, no Reino Unido, tendo como 1o autor o professor de Estatística Jonathan Rougier e os outros autores do Departamento de Geociências. O resumo do artigo de Rougier e seus colegas informa (em tradução feita para o português) que

Para vulcões, como para outros perigos naturais, a freqüência de grandes eventos diminui com sua magnitude, conforme capturado pela relação magnitude-frequência. Avaliar essa relação é valioso tanto para os insights que ela fornece sobre o vulcanismo quanto para o desafio prático do gerenciamento de risco. Nós derivamos uma relação global de magnitude e freqüência para explosões de erupções vulcânicas de pelo menos 300Mt de massa irrompida (ou M4.5). Nossa abordagem é essencialmente empírica, baseada nas erupções registradas no banco de dados LaMEVE. Ela difere das abordagens anteriores principalmente em nosso tratamento conservador de arredondamento e sub-notificação de magnitude. Nossa estimativa para o período de retorno de 'super-erupções' (1000Gt ou M8) é 17ka (95% CI: 5.2ka, 48ka), que é substancialmente menor do que estimativas anteriores, indicando que os vulcões representam um risco maior para a civilização humana do que se havia pensado anteriormente.

A última frase do resumo faz referência à estimativa anterior de tempo de retorno de super-vulcões, que era de 45.000 anos a 714.000 anos. Vale notar que apesar de muito mais ampla, ou seja muito mais incerta, essa estimativa anterior ainda assim guarda uma pequena interseção com a estimativa intervalar encontrada por Rougier, que vai de 5.200 anos a 48.000 anos. Foi essa novidade que atraiu a atenção da mídia e possibilitou as interpretações mais catastróficas dos resultados obtidos. O clima de pânico pode ainda ser aumentado pelo fato que as últimas super-erupções aconteceram há cerca de 20.000 anos e a estimativa pontual do tempo de retorno foi de 17.000 anos, tornando ainda mais plausível uma ocorrência para os próximos anos, décadas ou séculos. Em breve, pretendo postar uma reflexão pessoal do Professor Rougier sobre essa cobertura da mídia.

É bem verdade que a humanidade ainda não presenciou uma super-erupção. Mas os conhecimentos científicos nos garantem que tais eventos só acontecem após décadas de avisos emitidos pelo próprio planeta e, no momento, não há nenhum sinal indicando essa proximidade. Rougier tratou de esclarecer que não há motivos para alarmes. Ele procurou classificar sua descoberta com uma importante ferramenta para estabelecer novos parâmetros para (e uma redefinição da urgência de) uma nova forma de estudar a importância e influência que vulcões podem ter na nossa vida. Apenas isso!

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