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A Associação Brasileira de Estatística (ABE) está lançando em breve uma pesquisa sobre o perfil do estatístico no Brasil. Trata-se de uma iniciativa inédita e extremamente meritória. Ela vai permitir que se saiba quem é esse profissional e quais são suas características. Qualquer sociedade minimamente organizada necessita esse tipo de informação para poder direcionar suas ações e verificar onde e como deve atuar na busca de seus objetivos. Assim, essa projeto deve ser abraçado e tratado com a devida atenção por todos que estejam direta ou indiretamente ligados ao tema.
Entretanto, uma série de questionamentos precisam ser levantados e equacionados para garantir que o objetivo proposto seja de fato atingido. A 1a questão que se interpõe é a definição sobre qual é a população alvo desse projeto. A ABE fala em pessoas que atuam em Estatística no Brasil e define essa população como pessoas com graduação em Estatística ou algum curso de pós-graduação stricto-sensu que tenha Estatística como uma de suas áreas fins. Podemos chamar essa população de comunidade estatística formal. Não acho ruim essa definição da ABE e ela tem a virtude de definir claramente o escopo de atuação do grupo. E isso não é pouco!
Entretanto, diferentemente de algumas outras áreas da Ciência, a Estatística não tem nenhuma lei que proíba pessoas de outras áreas de realizar um procedimento estatístico do início até o fim. Nem sei se seria viável a elaboração de uma regra nessa direção mas existem vários profissionais com diferentes graus de formação que realizam tarefas de estatísticos sem pertencer à população descrita no parágrafo anterior. Essas pessoas atuam algumas vezes à margem da comunidade estatística com pouca ou nenhuma interação com a comunidade estatística formal. Por isso, podemos chamar essa população de comunidade estatística informal.
Onde fica o limite que faz com que alguém passe da comunidade informal para a comunidade formal é algo que está longe de ser claro. Participar eventualmente de algum dos vários congressos científicos organizados pela ABE traria um membro para a comunidade formal? E se a participação fosse regular, digamos 1 congresso a cada 2 anos, com apresentação de trabalho? Participar regularmente de foruns virtuais (como a lista de discussão do R ou algum blog de Estatística) qualifica um profissional como participante do publico alvo?
Onde fica o limite que faz com que alguém passe da comunidade informal para a comunidade formal é algo que está longe de ser claro. Participar eventualmente de algum dos vários congressos científicos organizados pela ABE traria um membro para a comunidade formal? E se a participação fosse regular, digamos 1 congresso a cada 2 anos, com apresentação de trabalho? Participar regularmente de foruns virtuais (como a lista de discussão do R ou algum blog de Estatística) qualifica um profissional como participante do publico alvo?
Mas pode se argumentar que as políticas de ação da ABE devem ser voltadas para a comunidade formal mesmo que se reconheça a existência de uma comunidade informal. Talvez uma etapa posterior possa ser o estudo da viabilidade de trazer membros da comunidade informal para a comunidade formal. Desconfio que alguns membros da comunidade formal teriam interesse nessa migração. Com isso, poderiam até contribuir mais para a comunidade formal do que membros que façam parte dela por atender seus pre-requisitos mas que não atuam mais como estatísticos. Esses últimos podem se sentir compelidos a responder questionários por questões corporativas e, com isso, podem alterar (ou viciar, no jargão estatístico) os resultados obtidos. Para atenuar isso, bastaria o questionário ser capaz de identificar esse sub-grupo, o que deverá ser feito.
Uma outra pergunta que gostaria de lidar em uma postagem posterior é: uma vez definida a população alvo, quem deve preencher o questionário?
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