terça-feira, 24 de junho de 2014

Copa do Mundo - parte III (os bolões)


guiadetobias.com.br

Uma prática bastante disseminada na nossa sociedade em torno da época da Copa do Mundo são os famosos bolões, que consistem em apostas feitas por grupos de amigos, colegas de trabalho, ou familiares. Em um bolão, cada participante paga um taxa (às vezes simbólica) e informa seus palpites sobre os resultados dos jogos da Copa. Essa prática é disseminada também em outros países (na Espanha, o seu nome é impróprio para divulgação aqui no Brasil). Os resultados de todos os participantes são agregados e os acertos são computados. O vencedor é o participante com mais acertos e assim sucessivamente.

O que eu queria discutir aqui é como devem ser computados e ponderados os acertos. Para começar, devemos definir o que é um acerto. No bolão que participo, acerto é dizer quem vai ganhar em cada jogo ou se o jogo vai terminar empate. Bolões mais refinados incorporam informação sobre diferença de gols. Isto é, se um jogo termina 2 x 1, quem apostou em 2 x 1 ganha mais pontos que quem apostou em 3 x 1 ou 5 x 1 para o mesmo time. Acho que todos concordam que isso é razoável. 

Entretanto, o que gostaria de trazer aqui é uma extensão desse argumento. Continuando o exemplo acima do jogo 2 x 1, eu acho que quem apostou em 3 x 1 deveria ganhar mais pontos que quem apostou 5 x 1. Entendo que outros problemas surgem aqui e para os quais haveria algum debate. Seguindo ainda no exemplo do jogo 2 x 1, como ponderar 8 x 1 contra 1 x 1. Nossa primeira reação seria favorecer quem apostou em 8 x 1. Afinal, acerta o 1o critério de desempate em qualquer torneio de futebol: o número de pontos que cada time. Entretanto, também poder-se-ia favorecer 1 x 1 em detrimento de 8 x 1 por ser um resultado mais próximo do que aconteceu no resultado final. 

Eu gostaria de ir mais além e acho que também deveria ser distinguido quem apostou em 1 x 1 daquele que apostou em 1 x 2, isto é, empate é um resultado mais próximo de vitória que derrota. Novamente, o critério é o mesmo: quem apostou em 1 x 1 chegou mais perto do resultado final do que quem apostou em 1 x 2 e deveria ser privilegiado em uma comparação direta. Uma dificuldade seria como medir distâncias entre resultados. Mas em tese, acredito que muitos concordariam com essa distinção. Esse sistema é mais elaborado e torna mais difícil a contabilidade dos pontos que cada concorrente de um bolão acumula. Mas nada que um pequeno esforço de programação não resolva.

Esse ponto está ligado a predições de uma forma geral é foi já tratado aqui no blog em uma discussão sobre como avaliar predições para partidas de futebol. Lá foi mostrado porque se devia levar em conta as probabilidades atribuídas a cada resultado ou invés de uma simplória avaliação de quem errou e quem acertou. E as apostas feitas em um bolão nada mais são que coleções de previsões de resultados de partidas de futebol. Espero que na próxima Copa já estejamos avançados computacionalmente o suficiente para tornar rotina bolões de apostas que usem critérios de pontuação levando em conta a proximidade com o efetivo resultado ocorrido, em substituição aos atuais critérios que levam em conta apenas se o participante acerta (ou quase isso) o resultado.

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