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A postagem da semana passada tratou do plebiscito sobre o acordo de paz na Colômbia. Dissemos lá que em cenários voláteis e com altas incerteza e nível de abstenção é necessário fazer uso de fontes auxiliares de informação para além dos simples resultados das pesquisas de intenção de votos. Foi mencionado lá também a similaridade com as recentes eleições municipais no Brasil no que diz respeito ao alto nível de abstenção.
A figura acima é bastante ilustrativa sobre esse assunto no contexto das eleições no 1o turno das eleições na cidade do Rio de Janeiro. Ela mostra a relação entre nível de escolaridade e porcentagem real de votos nas urnas em cada zona eleitoral da cidade, para os candidatos que foram para o 2o turno: Marcelo Crivella e Marcelo Freixo. O gráfico mostra um padrão extremamente estável para ambos os candidatos; à medida que o nível de escolaridade cai (sobe) aumenta a proporção de votos para o candidato Crivella (Freixo, respectivamente).
A exceção a esse padrão é dada pelas (poucas) zona eleitorais com alto nível de escolaridade. Nessas zonas, o padrão de votos para o candidato Freixo apresenta uma grande dispersão sem apresentar um padrão muito claro. Trata-se das zonas eleitorais situadas na Zona Sul onde a votação dos eleitores de maior poder aquisitivo não migrou para o outro candidato que foi para o 2o turno (Crivella) mas se espalhou entre outros candidatos (notadamente Osório, Pedro Paulo e Índio da Costa). O mesmo blog onde a figura acima foi publicada ajustou uma regressão linear simples e obteve R2 de 69%. Diferentemente, para Crivella, o padrão de crescimento se manteve estável ao longo de todo o espectro de níveis de escolaridade. Só não fica muito claro se o padrão é linear ou quadrático.
De todos modos, a mensagem fornecida pelo gráfico é evidente. Ela mostra que um padrão de preferência pelo candidato Crivella em detrimento de Freixo que cresce à medida que a escolaridade desce. A maioria da população brasileira (e consequentemente da carioca) tem
níveis de escolaridade baixos (isso é refletido na figura pela maior
presença de zonas eleitorais com mais de 50% da população com
escolaridade baixa). Note que níveis de escolaridade baixos são
representados na figura pelas altas percentagens de eleitorado com
escolaridade baixa, numa inversão pouco comum de valores.
Assim, o padrão aponta uma consistente vantagem para Crivella no 2o turno. Esse padrão pode ser revertido pois novos fatos sempre podem surgir no volátil quadro político brasileiro. Caso se mantenha a situação como está, os sinais apontam para uma clara vantagem de um candidato sobre o outro.
Assim, o padrão aponta uma consistente vantagem para Crivella no 2o turno. Esse padrão pode ser revertido pois novos fatos sempre podem surgir no volátil quadro político brasileiro. Caso se mantenha a situação como está, os sinais apontam para uma clara vantagem de um candidato sobre o outro.
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