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O título desta postagem se refere a um prêmio que acaba de ser
instituido para enaltecer os feitos profissionais de algum estatístico
em âmbito mundial. Esse prêmio será oferecido a um estatístico a cada 2
anos e tem como ambição fazer algo parecido com o Prêmio Nobel.
Este último é um prêmio bastante conhecido no mundo todo e é outorgado
todo ano tipicamente ao final do ano para celebridades ou instituições
de diferentes áreas do saber. As áreas científicas contempladas são
Medicina, Física, Química e Economia. O Nobel envolve uma premiação
financeira considerável (em torno de 1 milhão de dólares para cada
agraciado) mas o prestígio é muito mais relevante devido à notoriedade
dessa premiação. Ele funciona como um reconhecimento do trabalho de todo
uma vida.
Uma das áreas que mais se ressente de não estar incluida no Nobel é a Matemática. A bem da verdade, ao olhar a lista de áreas da ciência contempladas não dá para entender como a Matemática não está presente. Em função disso, a área resolveu criar o seu próprio prêmio de destaque. Surgiu assim o prêmio conhecido como medalha Fields. Esse prêmio é concedido a cada 4 anos pela International Mathematical Union para pesquisadores com menos de 40 anos. Assim, ele aponta para carreiras promissoras de forma mais enfática do que para uma carreira de realizações, como é a idéia do Nobel.
É nesse cenário que surgiu o International Prize in Statistics. Ele é uma inciativa conjunta das 5 mais importantes associações acadêmicas de Estatística: a American Statistical Association (ASA), o Institute of Mathematical Statistics (IMS), a International Biometric Society (IBS), o International Statistical Institute (ISI) e a Royal Statistical Society (RSS). O valor inicial do prêmio é de 75 mil dólares americanos, bem mais modesto que o Nobel mas pode ser aumentado. Esse grupo de associações informa estar aberto a receber novos membros e talvez a lista pudesse incluir a International Society of Bayesian Analysis (ISBA) e a Associação Brasileira de Estatística (ABE).
Além de premiar os pesquisadores de Estatística que mais se destacam, esse Prêmio tem a explicitada função de aumentar a percepção de Estatística na sociedade e aumentar a visibilidade da área. Esse é mais uma iniciativa dentro dessa motivação que teve início com o Ano Internacional da Estatística e a partir daí deu origem a várias iniciativas voltadas para esse fim.
Dito tudo isso, semana passada tivemos o anúncio feito por esse grupo de instituições do vencedor dessa 1a versão do prêmio. Não foi surpresa para ninguém que o indicado foi o Professor David Cox. Além de já ter sido enaltecido aqui em algumas postagens, trata-se de uma quase unanimidade mundial. O prêmio foi recebido como uma escolha natural para o estatístico vivo e ativo de maior envergadura científica. A mensagem de anúncio de sua premiação enfatizou bastante a relevância de sua contribuição para análise de sobrevivência, que já foi descrita aqui, e a importância que essa contribuição teve para as várias áreas da Ciência que a aplicaram.
Como disse antes, não acredito que tenha muita gente insatisfeita com a premiação deste ano. Mas daqui há 2 anos haverá uma nova indicação e aguardaremos com expectativa pelo nome do novo agraciado. Não percebo nenhum outro nome que reuna predicados científicos para aglutinar toda a comunidade estatística internacional em torno do seu nome. Assim, é provável que haja disputa e a enorme e importante comunidade estatística americana certamente apoiará a indicação de um estatístico lá radicado após o premiado deste ano ter sido um britânico que passou toda a sua vida trabalhando no Reino Unido. Por outro lado, a comunidade Bayesiana tem crescido de importância no cenário internacional dentro e fora da Estatística e também fará apoio a um nome desse grupo após o premiado deste ano ter sido um frequentista. Teremos de esperar mais 2 anos para ver o que acontecerá.
Mas o mais importante é fazer com que essa recém-nascida iniciativa ajude a divulgar ainda mais a Estatística não só para as outras áreas da Ciência mas para a sociedade em geral.
Dani , discordo de você , se ainda estiver vivo daqui a 2 anos , prof CR Rao será um forte candidato. Hoje com 96 anos acaba de publicar um artigo nos Proc. Nat. Academy of Science na área de Machine Learning
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