terça-feira, 6 de março de 2018

Instituto Alan Turing

https://www.biography.com/people/alan-turing-9512017

Alan M. Turing foi um brilhante cientista inglês, retratado na foto acima, que viveu na 1a metade do século passado. Sua atividade foi multidisciplinar mas se concentrou principalmente em Matemática (pura e aplicada), Engenharia e Computação. Ele esteve à frente do desenvolvimento de algoritmos para tarefas inicialmente ligadas à criptografia durante a 2a Guerra Mundial. Nesse processo, ele desenvolveu máquinas que serviram de base para a criação dos computadores dos dias de hoje. Posteriormente, se envolveu em vários projetos que envolviam desenvolvimento de algoritmos e máquinas para processá-los visando a solução de problemas reais. 

A interessante vida e obra de Alan Turing foi popularizada nos filmes inglês Codebraker (Quebrador de Códigos, em português) de 2011 e  americano The Imitation Game (O Jogo da Imitação, na tradução para o português) de 2014. Este último atingiu uma maior repercussão a nível mundial, chegando às telas de cinema em diversos países, inclusive o Brasil.

Turing teve alto mas parcialmente tardio reconhecimento sobre sua importância. Ele foi Fellow da Royal Society (equivalente a membro da Academia Brasileira de Ciências) e recebeu inúmeras comendas e honrarias por sua produção. Parte do retardo foi associado a sua personalidade difícil, bastante enfocada no filme americano, e a perseguição que ele sofreu por acusação de homossexualidade. Como decorrência, algumas honrarias só foram agraciadas postumamente, após seu precoce falecimento por suicídio.

Turing emprestou seu nome para um instituto que acaba de ser criado em 2015, o Alan Turing Institute. Essa instituição tem o objetivo genérico de ser um ponto focal para pesquisas em Data Science (Ciência dos Dados) voltadas para a solução de problemas reais. Esses problemas são trazidos ao instituto por algumas entidades publicas e privadas, chamadas de parceiros estratégicos, incluindo ai o Ministério da Defesa britânico e a multinacional de computação Intel

A base teórica, que fornece a interface de pesquisa para solução dos problemas trazidos ao instituto, é dada por universidades britânicas. Inicialmente, participaram da inauguração do instituto apenas as universidades de Cambridge, Oxford, Edimburgo, Londres e Warwick, todas de elite. Pesquisadores de várias áreas são listados como Fellows (associados) do instituto e a área de Estatística comparece com presença expressiva. A lista das outras áreas da Ciência inclui Machine Learning, Algoritmos, Matemática e Métodos Numéricos. Pode-se antecipar um crescimento vertiginoso do instituto e suas atividades com o acréscimo de outras universidades, pelo lado da pesquisa, e de empresas parceiras, pelo lado das demandas de aplicação.

O Instituto Alan Turing produz prioritariamente soluções científicas para problemas reais. Elas estão materializadas em mais de uma centena de artigos científicos, listados na seção de publicações do site do instituto. Chama a atenção a quantidade de textos sob o enfoque Bayesiano. Exemplos incluem titulos como: Métodos numéricos Bayesianos para monitoramento de processos industriais, Problemas concretos para segurança veicular autônoma: vantagens do aprendizado profundo Bayesiano e Análise Bayesiana do sequenciamento de dados de uma única célula. Nada disso chega a ser propriamente uma novidade dada a forte penetração dessa visão da Estatística nas novas tecnologias ao redor de Ciência dos Dados. Além disso, ele se propõe a fornecer uma série de atividades para o público em geral como cursos, seminários, workshops e grupos de estudo temáticos.

Muito já foi dito aqui no StatPop sobre a importância do protagonismo da Estatística nessa nova área da Ciência que se instalou no cerne da vida moderna e, no entender de muitos, veio para ficar. Nesse sentido, vemos com muito bons olhos a indicação de Sir Adrian Smith como seu próximo diretor geral a partir de outubro deste ano. Trata-se de uma oportunidade de ouro para a comunidade estatística se firmar como componente imprescindível dessa nova área em um centro que tem tudo para ser um dos principais polos da nível global.

Finalmente, quero agradecer ao caro amigo Basílio Pereira, colaborador frequente do StatPop, por trazer à minha atenção a existência dessa muito promissora instituição.


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