terça-feira, 22 de maio de 2018

Acordo firmado entre associações internacionais de Estatística

https://www.isi-web.org/images/2018/Memo-of-Understanding-ISBA-ISI_FINAL-signed.pdf

Já falamos aqui sobre associações internacionais de Estatística mas nunca nos dedicamos a falar o que elas são e para que elas servem. Associações nacionais e internacionais de profissionais são geralmente grupos estruturados de pessoas que se reunem para discussão, promoção e avanço dessa área profissional. Existem associações para a maioria das áreas profissionais. Muitas delas tem um viés mais acadêmico outras, em profissões mais aplicadas, tem um viés mais voltado para a prática profissional. Exemplos dessa segunda tendência são as associações das várias especialidades da Medicina. 

De todo modo, ambas procuram contrabalançar suas atividades considerando tanto a questão do avanço científico quanto a questão do avanço no mercado de trabalho. A Estatística não foge a essa regra de tem também suas associações a nível nacional e a nível internacional. A associação mais tradicional da Estatística é a Royal Statistical Society (RSS), a associação de estatística do Reino Unido. A RSS já existe há quase 2 séculos e faz um trabalho muito interessante em várias direções; tanto que já foi mencionada aqui algumas vezes. Outra associação nacional que merece destaque é a nossa Associação Brasileira de Estatística (ABE), onde estou terminando meu segundo mandato como membro do Conselho Diretor. Menciono essas 2 associações nacionais também por serem aquelas às quais sou filiado.

Essas associações organizam encontros científicos e aplicados para troca de idéias e para apresentação de avanços ou achados interessantes. Elas tem também grupos de discussão sobre temas específicos e sub-grupos dedicados à realização destas mesmas tarefas a nível de alguma particularidade da profissão. Claro que pelo nível de desenvolvimento e pela antiguidade da sociedade inglesa em comparação com a nossa, a RSS oferece um cardápio muito mais variado de opções para o estatístico interessado em informações sobre a sua área. Mas como a maior parte do cardápio é servido pelas associações nacionais a nível local, os interessados em Estatística do Brasil tem muito a ganhar com a ABE. 

O mesmo comportamento é reproduzido a nível mundial pelas associações internacionais de Estatística. Obviamente, associações a nível mundial tem um escopo maior de preocupações podendo cuidar de situações mais gerais, como o aquecimento global ou a troca de informações entre países. Assim como a nível nacional, eu sou membro associado a duas associações internacionais: a International Statistical Institute (ISI) e a International Society of Bayesian Analysis (ISBA).  Novamente temos aqui uma disparidade com a primeira (ISI) tendo uma larga tradição de mais de um século de existência e a segundo sendo a novata no mundo das associações internacionais de Estatística, tendo sido fundada apenas em 1992. Além disso, temos uma importante diferença nos objetivos pois a primeira cuida de todas as áreas da Estatística e a segunda se concentra na parte Bayesiana da Estatística.

Entre as principais atividades dessas associações está a organização de congressos. Ambas realizam vários congressos temáticos mas o principal deles é o encontro mundial da sociedade. Ambas as sociedades organizam seus encontros mundiais a cada 2 anos, geralmente no meio do ano para aproveitar o período de férias no hemisfério norte. O próximo encontro mundial do ISI será ano que vem na Malásia e o próximo encontro mundial da ISBA será no mês que vem na Escócia.  

Não é difícil imaginar que exista uma certa superposição de interesses entre as associações internacionais e portanto é razoável supor que exista interação entre elas. Nessa direção, acaba de ser firmado um acordo de intenções entre o ISI e a ISBA procurando fomentar e institucionalizar a cooperação entre essas sociedades. Esse acordo foca inicialmente em interação na realização dos seus congressos com participação ativa de uma nos congressos da outra e vice-versa. Mas ele também prevê outras formas de atividade conjunta, especialmente quando o interesse da Estatística estiver em jogo questões de alcance mundial.

Nesse sentido, acho muito positiva a colaboração proposta. Acredito que esse acordo tem potencial para produzir resultados que dificilmente seriam obtidos pelas duas associações separadamente. Claro que será preciso desenvolver pontes para que essa colaboração se materialize mas torço para isso se concretize. A integra desse acordo pode ser visualizada aqui.  

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