terça-feira, 23 de julho de 2019

Relato do IMPS 2019

Fonte: arquivo pessoal


Conforme prometido na última postagem, tratarei de fazer um relato de minhas impressões sobre o recém-encerrado encontro de 2019 da Psychometric Society. Devo começar dizendo que foi uma grata surpresa para mim ver a quantidade mas principalmente a diversidade de temas apresentados e tópicos cobertos. Quando conversei com o atual presidente da Psychometric Society, mencionei esse ponto a ele. Ele me informou que isso não foi um mero acaso mas um esforço consciente da sociedade na direção de temas mais variados que estão se relacionando com a Psicometria ou que possam a ela ser relacionados.

De qualquer modo, a imensa maioria dos participantes era composta de pesquisadores e profissionais vinculados às áreas sociais e humanas, notadamente Psicologia e Educação. Havia estatísticos tambpem mas eram claramente minoria na composição do evento.

Evidentemente, a maioria das apresentações versavam sobre os problemas usuais de psicometria, que se concentram em grande parte em modelos de teoria de resposta ao ítem e de equações estruturais. Entretanto, encontrei vários trabalhos interessantes em outras direções envolvendo temas atuais, como inferência aproximada para modelos incalculáveis e outros usos de técnicas de aprendizado de máquinas e redes neurais (profundas ou não). Tomei contato com vários usos interessantes de modelagem não-paramétrica para promover extensões de modelos usuais em diversas direções.

A palestra de abertura foi proferia por um psicometrista vinculado a um departamento de Psicologia (retratado na foto acima). O tema central da palestra foi a utilização de muitos modelos em inferência Bayesiana e o palestrante fez uma enfática defesa da abordagem conhecida como model averaging em oposição à model choice. Na 1a opção, faz-se inferência considerando todos os modelos contemplados, ponderados por suas respectivas probabilidades (a posteriori). Na 2a opção, utiliza-se algum critério (máxima probabilidade a posteriori, AIC, BIC, DIC, etc) para escolher um único modelo e fazer toda a inferência baseada neste modelo.

Um ponto que me chamou a atenção foi o estilo de algumas das apresentações, claramente com mais ênfase na forma (lúdica) da apresentação do que em seu conteúdo. Pareceu-me ser uma tendência mais associada à Ciência dos Dados, talvez por conta da vastidão de técnicas disponíveis e talvez menos no desenvolvimento propriamente dito dessas técnicas. As palestras mais técnicas que assisti claramente se inseriam em um estilo de apresentação mais convencional, com o qual estou mais acostumado. A palestra de abertura ficou em um formato híbrido, como a foto acima ilustra.

O evento teve cerca de 400 participantes representando 33 países. Houve apresentações para todos os gostos. Afora as conferências, que eram destacadas com no máximo 2 por horário, o grosso da programação consistiu de sessões paralelas de apresentações orais (6 a 8 sessões por horário) e em formato de poster. Assim, havia um cardápio bem variado com muitas pitadas de novidades tanto teóricas quanto de outras disciplinas bem como apresentações específicas de tópicos usuais de psicometria. quem queria ficar dentro do seu nicho, teve o que assistir e quem queria ver novidades também teve. O evento correu no Centro de Extensão da PUC do Chile, em um prédio histórico com um enorme claustro central, devidamente coberto para facilitar a climatização do ambiente. Esse enorme espaço livre foi muito bem aproveitado para os coffee breaks e os almoços, onde a organização forneceu saladas e sanduiches. Isso fomentou a possibilidade de mais interação entre os participantes.Eu mesmo me beneficiei com interessantes e proveitosas trocas de informação. 

Esses encontros ocorrem anualmente, em revezamento de continentes e o próximo já está agendado para os Estados Unidos. Se você tem interesse pelos avanços da área, faço uma forte recomendação para participar.

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