terça-feira, 29 de novembro de 2016

São nossos cérebros Bayesianos?

https://pearlsofprofundity.wordpress.com/2012/08/17/what-is-a-synapse/

O título dessa postagem é a chamada de uma matéria publicada no excelente periódico Significance, já elogiado aqui. Como já dissemos antes, a abordagem Bayesiana parece reproduzir bem a forma de aquisição de conhecimento do ser humano. Isto é, sempre que recebemos uma nova informação, nosso cérebro a processa e atualiza nossa visão do mundo e nos impele a rever algumas posturas, decisões ou posições que tínhamos anteriormente. Além disso, esse processo é contínuo e é constantemente aplicado a cada novo ítem de informação recebida. Tudo isso é perfeitamente compatível em termos qualitativos com a formulação Bayesiana.

Recapitulando, a visão Bayesiana preconiza que devemos atualizar as chances que atribuímos a aos possíveis valores de qualquer quantidade que nos é desconhecida de acordo com uma regra bem definida. Essa regra é conhecida como teorema de Bayes e nos informa que a regra de atualização deve ser dada pela multiplicação das chances que atribuíamos a cada valor antes de receber a informação pela verossimilhança desse valor à luz da nova informação recebida. 

Note que trata-se de uma regra bem específica de atualização. Mas seria ela a melhor? Porque não considerar a soma ou a multiplicação de potências dos termos, para citar alguns exemplos. Muitas outras regras foram tentadas, indo para além do contexto probabilístico e utilizando outras medidas de evidência. Mas essa regra parece ser a mais robusta e cientificamente defensável. Isso não impede que outras regras possam vir a ser propostas e implementadas.

Acho que podemos dizer que é aí que está o cerne do problema. Nosso cérebro é constituído de bilhões de neurônios que se interagem através de sinapses, basicamente impulsos elétricos entre os neurônios. Assim, trata-se de um sistema complexo e ainda largamente desconhecido. Mesmo que fosse totalmente conhecido, acho difícil que ele possa ser traduzido por uma única equação, como o Teorema de Bayes. Assim, acho que o teorema será na melhor das hipóteses uma boa aproximação. 

O que a matéria em questão procurou fazer foi um apanhado de estudos que procuraram em diferentes níveis verificar a adequação da formulação Bayesiana ao processo de aquisição de conhecimento. Muitos deles apresentaram resultados animadores na direção que apoia essa visão. Entretanto, a matéria também aponte uma séria de situações contrárias a (e questionamentos dessa) visão.

Acho que estamos ainda muito longe de poder ter uma definição científica para esse tema complexo e mesmo a definição, caso ela venha, poderá não elucidar definitivamente o tema. Por enquanto, podemos ficar com a visão de que o teorema de Bayes é uma base defensável, traduz o que parece ser razoável qualitativamente e tem funcionado relativamente bem.

A íntegra da matéria pode ser vista aqui.

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