BBVA é o nome de um grupo financeiro criado na Espanha mas com atuação global. O prêmio BBVA está entre suas atuações de âmbito global e é coordenado através da Fundação BBVA. Foi instituido em 2008 com o nome de BBVA FOUNDATION FRONTIERS OF KNOWLEDGE AWARDS (prêmios Fundação BBVA fronteiras do conhecimento) e é concedido anualmente. Esse prêmio pretende destacar contribuições diversas de indivíduos em 8 categorias: Ciências Básicas, Biomedicina, Ecologia, Economia, Tecnologia da Informação, Música, Mudanças Climáticas e Desenvolvimento. Algumas partes do site da Fundação BBVA também listam Artes como uma categoria, embora até agora não foi concedido prêmio nessa área.
O prêmio é escolhido por comitês formados pela própria fundação em colaboração com o Conselho Nacional de Pesquisa espanhol. Trata-se de um prêmio abrangente e com estrutura similar ao Prêmio Nobel; o Nobel também é concedido por um comitês formados pela Fundação Nobel em colaboração com entidades científicas da Suécia. Mas as dotações do Prêmio BBVA são mais modestas (400 mil euros em oposição ao valor atualmente próximo de 1 milhão de euros do Nobel) e bem menos prestígio e história.
É possível imaginar estatísticos sendo agraciados em quase todas as categorias. De fato, já vimos estatísticos sendo agraciados com o Nobel de Economia. A própria lista de contemplados do Prêmio BBVA contem nomes de pessoas próximas à Estatística sendo agraciadas em outras áreas. Mas o mais plausível é que estatísticos apareçam entre os agraciados de Ciências Básicas.
O problema é que nessa categoria, eles enfrentam a concorrência de áreas bem mais desenvolvidas como Física, Química e Matemática. Isso torna muito mais difícil a presença de estatísticos entre os contemplados. Assim sendo, foi com um misto de surpresa e satisfação que a comunidade estatística recebeu no mês passado a notícia da premiação dos professores David Cox e Bradley Efron na edição de 2016 desse prêmio na área de Ciências Básicas. O primeiro nome não é nenhuma surpresa para os frequentadores do StatPop. A novidade para nós é a presença do professor Efron, da Universidade de Stanford.
Trata-se de um dos principais líderes do fortíssimo departamento de Estatística de Stanford. Efron foi um dos pilares do fortalecimento teórico do desenvolvimento da Estatística na 2a metade do século passado. Uma de suas mais importantes contribuições foi o bootstrap, uma técnica de amostragem que permite acessar ainda que aproximadamente a distribuição de estimadores frequentistas. Essa técnica se mostrou muito eficaz para tratar problemas onde só se tinha à disposição aproximações mais limitadas, baseadas em resultados assintóticos. Hoje em dia, ela é usada nas mais diversas áreas da Estatística e possui inúmeras variantes.
Vale também aqui o registro histórico da postura do professor Efron. Sua brilhante carreira teve início com uma vigorosa posição contrária ao ponto de vista Bayesiano. Um exemplo dessa posição, mantida por ele ao longo do século passado, aparece aqui. Com o passar do tempo e o advento de técnicas computacionais, começou a haver a partir do início deste século um claro movimento conciliatório das abrodagens no seu ponto de vista. Um exemplo aparece aqui.
Vale também aqui o registro histórico da postura do professor Efron. Sua brilhante carreira teve início com uma vigorosa posição contrária ao ponto de vista Bayesiano. Um exemplo dessa posição, mantida por ele ao longo do século passado, aparece aqui. Com o passar do tempo e o advento de técnicas computacionais, começou a haver a partir do início deste século um claro movimento conciliatório das abrodagens no seu ponto de vista. Um exemplo aparece aqui.
De qualquer forma, a Fundação BBVA emitiu um claro sinal de reconhecimento da área de Estatística e não apenas de um destacado indivíduo dessa área. Uma outra história é se esse padrão vai perdurar pelas próximas edições. Mas no momento a área deve comemorar e muito esse reconhecimento.
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