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Os primeiros doutores em Estatística começaram a chegar do exterior e o 1o doutorado no país foi aberto na USP logo a seguir, ambos no final do século passado, na década de 70. A partir daí, houve um paulatino crescimento no fluxo de formação de doutores no exterior. Esse fluxo redundou em um avanço concreto apenas a partir deste século, quando vários outros programas de doutoramento em Estatística foram abertos no país.
Esse movimento todo fortaleceu os departamentos de Estatística nas universidades brasileiras e com isso várias outros cursos de graduação em Estatística puderam ser abertos, além daqueles mais tradicionais que já existiam desde o século passado. O ensino foi, via de regra, moldado em cima de uma estrutura teórica sólida, pontuada em maior ou menor grau por aplicações como instrumento de auxílio. Na virada do século houve uma maior preocupação com aspectos aplicados da Estatística e as grades curriculares foram mudados mas muitos profissionais sustentam que essa mudança ainda é epidérmica.
A entrada em cena da Ciência de Dados tornou ainda mais premente uma discussão sobre a necessidade de uma reforma mais profunda. Não está claro como deve ser realizada essa reforma. Entre as opções estão uma aproximação da grade curricular na direção de Ciência de Dados e a abertura de um curso de Ciência de Dados, seja como novo curso de graduação ou como uma especialização. Acredito que muitos departamentos tem feito essa discussão internamente e alguns já avançaram em direção à abertura de cursos de especialização e até mesmo à abertura de vagas para professores especificamente com esse perfil. Mas ainda vejo pouco resultado concreto e ainda menos discussão de carater mais abrangente, a nível nacional, específica sobre o tema.
Paralelamente, o início do século assistiu o início de uma formação mais consistente de doutores, devido à abertura de cursos de doutorado acima mencionada. A pesquisa no país experimentou um crescimento quantitativo considerável, com vários pesquisadores passando a entrar de forma consistente na rotina de produção científica. Toda essa produção não se refletiu em uma maior participação do país no avanço da Estatística no cenário mundial. Muito poucos estatísticos radicados no país tem publicado em periódicos de maior destaque e/ou tem sido convidados para eventos científicos de ponta.
Recentemente, citamos a palestra do Prof. Jordan falando sobre problemas big n, big p. Essa expressão se refere não só a muitas unidades observacionais mas também a muita informação a nível individual. Ela serve como paradigma do movimento da Estatística no século atual, visando a busca de modelos mais complexos para representar melhor a realidade estudada. Temas como escalabilidade, ou seja, capacidade de processamento da informação para valores crescentes de n e p tem despertado particular interesse. Aspectos computacionais adquiriram uma importância nunca antes vista na pesquisa em Estatística.
Em contraste com a tendência acima descrita, muitos trabalhos de pesquisa no país se dedicam a lidar com modelos de small p (tipicamente voltados para dados com small n), e visam estendê-los para modelos de ordem ainda small p+1 ou p+2. Toda a destreza matemática e toda a habilidade teórica que esses trabalhos apresentam fica relativizada perante as baixas relevância e aplicabilidade neles percebidas pela comunidade científica. Quando se almeja entender a realidade com toda sua complexidade, esse ponto de partida e esse tipo de extensão são vistos como insuficientes para essa tarefa. Consequentemente, atraem menos interesse nas prateleiras mais altas da ciência e só encontram espaço nas prateleiras mais baixas. Nesse sentido, é compreensível que apareçam insatisfações com os sistemas de avaliação e classificação dessas prateleiras. Mas acredito que seria mais produtivo no longo prazo alterar o foco de atenção.
As posturas menos assertivas da nossa comunidade na formatação dos cursos oferecidos e na produção científica provavelmente estão relacionadas. Não tenho dúvidas que a formação teórica oferecida aos doutores aqui formados é suficientemente boa para galgar passos mais altos. O que acredito que possa estar faltando é ambição científica. Diga-se de passagem, isso é muito mais difícil de ser ensinado, tornando mais compreensível esse quadro. Dar passos mais qualitativamente relevantes não passa apenas por uma melhor compreensão pelo pesquisador do que ele já faz. Passa principalmente pela compreensão pelo pesquisador do seu papel na estrutura mais ampla da ciência e da academia mundiais.
Acredito que os jovens doutores que temos como professores nos cursos de Estatística podem ser a saída para essa mudança de patamar. Para isso, ele teriam que trocar paradigmas superados e aliar o vigor da sua juventude, a vontade de deixar seu nome marcado na história da Estatística e a ânsia/curiosidade de identificar os atuais problemas da Estatística para poder atacá-los e resolvê-los.
Para isso, é preciso entender para onde a ciência caminha e se familiarizar com os passos que sendo tomados nessa direção. Consultas regulares ao que está sendo feito em buscas virtuais na internet e presenciais em congressos de ponta são alguns dos caminhos mais usuais. Outras áreas da ciência nacional tem trilhado esse caminho com sucesso. A Estatística ainda tem a vantagem (sobre muitas outras áreas) de necessitar de poucos insumos materiais para concretização de seu trabalho de pesquisa. Não há impedimento para que a Estatística brasileira trilhe a mesma rota de sucesso e realização. Basta querer!
Esse movimento todo fortaleceu os departamentos de Estatística nas universidades brasileiras e com isso várias outros cursos de graduação em Estatística puderam ser abertos, além daqueles mais tradicionais que já existiam desde o século passado. O ensino foi, via de regra, moldado em cima de uma estrutura teórica sólida, pontuada em maior ou menor grau por aplicações como instrumento de auxílio. Na virada do século houve uma maior preocupação com aspectos aplicados da Estatística e as grades curriculares foram mudados mas muitos profissionais sustentam que essa mudança ainda é epidérmica.
A entrada em cena da Ciência de Dados tornou ainda mais premente uma discussão sobre a necessidade de uma reforma mais profunda. Não está claro como deve ser realizada essa reforma. Entre as opções estão uma aproximação da grade curricular na direção de Ciência de Dados e a abertura de um curso de Ciência de Dados, seja como novo curso de graduação ou como uma especialização. Acredito que muitos departamentos tem feito essa discussão internamente e alguns já avançaram em direção à abertura de cursos de especialização e até mesmo à abertura de vagas para professores especificamente com esse perfil. Mas ainda vejo pouco resultado concreto e ainda menos discussão de carater mais abrangente, a nível nacional, específica sobre o tema.
Paralelamente, o início do século assistiu o início de uma formação mais consistente de doutores, devido à abertura de cursos de doutorado acima mencionada. A pesquisa no país experimentou um crescimento quantitativo considerável, com vários pesquisadores passando a entrar de forma consistente na rotina de produção científica. Toda essa produção não se refletiu em uma maior participação do país no avanço da Estatística no cenário mundial. Muito poucos estatísticos radicados no país tem publicado em periódicos de maior destaque e/ou tem sido convidados para eventos científicos de ponta.
Recentemente, citamos a palestra do Prof. Jordan falando sobre problemas big n, big p. Essa expressão se refere não só a muitas unidades observacionais mas também a muita informação a nível individual. Ela serve como paradigma do movimento da Estatística no século atual, visando a busca de modelos mais complexos para representar melhor a realidade estudada. Temas como escalabilidade, ou seja, capacidade de processamento da informação para valores crescentes de n e p tem despertado particular interesse. Aspectos computacionais adquiriram uma importância nunca antes vista na pesquisa em Estatística.
Em contraste com a tendência acima descrita, muitos trabalhos de pesquisa no país se dedicam a lidar com modelos de small p (tipicamente voltados para dados com small n), e visam estendê-los para modelos de ordem ainda small p+1 ou p+2. Toda a destreza matemática e toda a habilidade teórica que esses trabalhos apresentam fica relativizada perante as baixas relevância e aplicabilidade neles percebidas pela comunidade científica. Quando se almeja entender a realidade com toda sua complexidade, esse ponto de partida e esse tipo de extensão são vistos como insuficientes para essa tarefa. Consequentemente, atraem menos interesse nas prateleiras mais altas da ciência e só encontram espaço nas prateleiras mais baixas. Nesse sentido, é compreensível que apareçam insatisfações com os sistemas de avaliação e classificação dessas prateleiras. Mas acredito que seria mais produtivo no longo prazo alterar o foco de atenção.
As posturas menos assertivas da nossa comunidade na formatação dos cursos oferecidos e na produção científica provavelmente estão relacionadas. Não tenho dúvidas que a formação teórica oferecida aos doutores aqui formados é suficientemente boa para galgar passos mais altos. O que acredito que possa estar faltando é ambição científica. Diga-se de passagem, isso é muito mais difícil de ser ensinado, tornando mais compreensível esse quadro. Dar passos mais qualitativamente relevantes não passa apenas por uma melhor compreensão pelo pesquisador do que ele já faz. Passa principalmente pela compreensão pelo pesquisador do seu papel na estrutura mais ampla da ciência e da academia mundiais.
Acredito que os jovens doutores que temos como professores nos cursos de Estatística podem ser a saída para essa mudança de patamar. Para isso, ele teriam que trocar paradigmas superados e aliar o vigor da sua juventude, a vontade de deixar seu nome marcado na história da Estatística e a ânsia/curiosidade de identificar os atuais problemas da Estatística para poder atacá-los e resolvê-los.
Para isso, é preciso entender para onde a ciência caminha e se familiarizar com os passos que sendo tomados nessa direção. Consultas regulares ao que está sendo feito em buscas virtuais na internet e presenciais em congressos de ponta são alguns dos caminhos mais usuais. Outras áreas da ciência nacional tem trilhado esse caminho com sucesso. A Estatística ainda tem a vantagem (sobre muitas outras áreas) de necessitar de poucos insumos materiais para concretização de seu trabalho de pesquisa. Não há impedimento para que a Estatística brasileira trilhe a mesma rota de sucesso e realização. Basta querer!
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