terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Retrospectiva 2016

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Assim como fizemos em 2014, é oportuno fazer uma avaliação final do ano de 2016 em termos não apenas do que aconteceu no ano mas das suas repercussões para a Estatística e para o StatPop. Claro que esses pontos estão relacionados e o texto que segue abaixo procurará destacar as diferentes relevâncias. 

O primeiro ponto importante que merece ser destacado é que o ano de 2016 deixa a marca de uma guinada da humanidade em direção a posições mais conservadoras. Vários países tiveram mudanças de governo nessa direção. O exemplo que nos é mais próximo é o do Brasil, com a saída do PT do poder depois de 13 anos de governo. Mas o exemplo mais vistoso no mundo é sem duvida o caso dos Estados Unidos, onde mesmo sem ter graves crises na economia o partido democrata foi tirado do poder pelas urnas.

O ponto acima não passa pela Estatística mas ajuda a entender algo que foi tema em várias postagens deste ano: os sucessivos erros das pesquisas de opinião em temas polêmicos. Houve um padrão muito homogêneo nesses erros, ocorridos na eleição de Trump no mês passado, no plebiscito de acordo de paz com a guerrilha na Colômbia em setembro e no plebiscito pela saída pelo Reino Unido da comunidade européia em junho. Em todos os casos acima, havia uma postura politicamente correta e socialmente aceitável que foi incorretamente superdimensionada na maioria das pesquisas de opinião e foi derrotada nas urnas. Faz-se necessária a utilização de esquemas mais robustos de levantamentos de opinião, que fiquem imunes a esse tipo de desvios.

Como sempre, o esporte também apareceu com destaque no Brasil este ano. O evento principal foi a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro em agosto, a primeira vez na América do Sul. Contrariando todas as expectativas, o evento foi muito bem sucedido e nenhum dos inúmeros riscos elencados antes do evento se materializou com grande força. Não dá para dizer que o evento foi perfeito mas os pequenos contratempos de infraestrutura e os acidentes menores acabaram sendo abafados pela enorme maioria de acontecimentos bem realizados. Ainda no quesito esporte, não dá para esquecer do trágico acidente com a equipe da Chapecoense, o maior da história do esporte mundial em termos de vítimas fatais. Aqui decidiu-se brincar com a sorte/morte e, em direto contraste com as Olimpíadas, quase todos os riscos que poderiam ser elencados se materializaram. O trágico resultado foi a perda de 71 vidas, incluindo um time inteiro de  futebol.

Ainda no esporte, se mantiveram e até cristalizaram como elemento essencial nas análises da mídia as previsões de partidas de futebol no Campeonato Brasileiro. Com todo esse interesse, reativei meus antigos estudos na área e pude testá-los. Os resultados foram animadores em termos comparativos com os sistemas atualmente sendo veiculados pela mídia especializada nacional. Assim, pretendemos montar uma estrutura que permita a sua divulgação para o Campeonato de 2017.

Ainda no meio do ano, houve o impedimento da presidente do país. Essa é a segunda vez que isso ocorre desde a redemocratização nos anos 80 do século passado. A progressiva perda de apoio político aliada a uma grave crise econômica fizeram com que o Congresso decidisse pelo afastamento da presidente do país. Esse assunto também foi repercutido no StatPop por conta das incertezas associadas à consecução do processo nas sucessivas votações envolvidas.

Finalmente, numa ordem cronológica inversa, não podemos esquecer de um dos principais temas do país no início do ano. A epidemia de zika e seu impacto nas ocorrências de microcefalia foi destaque no país e foi repercutida no StatPop em mais de uma ocasião. Esse tema ficou adormecido ao longo do ano pela conhecida sazonalidade a presença do mosquito transmissor. [Apesar de conhecida, essa sazonalidade foi ignorada por um grupo de pesquisadores da área de saúde, que se organizou para pedir o adiamento dos Jogos Olímpicos.] Infelizmente, esse tema retornará para nossa agenda com a chegada do verão e teremos oportunidade de verificar se as medidas profiláticas e de contenção desenvolvidas ao longo deste ano tiveram algum êxito. Uma prova disso foi dada ontem pela prestigiosa revista científica Nature na sua lista dos 10 pesquisadores mais importantes de 2016. Nela qual consta uma pesquisadora brasileira pelos seus estudos da relação entre zika e microcefalia.

Apesar de eventos positivos, as marcas negativas não foram poucas e foram muito impactantes. Acrescendo a isso a crise econômica e política pela qual passa o país (e o Estado do Rio de Janeiro, em particular), o ano de 2016 não deixará muitas saudades. Vamos torcer por um 2017 que, se não for produtivo, ao menos seja um indicador do caminho a ser trilhado para que o país rume em direção a dias melhores. Que as novas forças que vão surgir, representadas na foto acima pelo mascote mirim da Chapecoense, tragam um alento renovado e prevaleçam. O caminho será árduo, mas ficará mais fácil se todos se unirem pelo bem comum.

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